Estão sendo acelerados os trabalhos do estúdio da Rádio Difusora de Mossoró, à
rua 6 de janeiro.
Seus diretores atuais não têm encarado sacrifícios no que possa concernir em
dotar a cidade de uma emissora à altura desejada.
Esta foi a impressão que tivemos quando em dias da semana visitamos aquela
emissora, onde se desdobram seus dirigentes numa eloqüente demonstração de
trabalho”.
Os dias que antecederam a inauguração da Rádio Difusora de Mossoró foram de
muita ansiedade. Para abrilhantar a inauguração, que aconteceu no dia 7 de
setembro de 1950, um grande show fora marcado para as 20h.
Cinco dias antes da inauguração, no caso em 3 de setembro de 1950, o jornal O
Mossoroense trazia a seguinte matéria:
“A Rádio Difusora de Mossoró será inaugurada quinta-feira:
A partir das oito horas a emissora estará no ar
Os principais elementos artísticos da terra tomarão parte de um grande show às
vinte horas.
Um marcante acontecimento, de marcante projeção para a vida da cidade será, sem
dúvida, a inauguração da Rádio Difusora de Mossoró, marcada para o próximo dia
7 de setembro.
Ao que colheu a nossa reportagem, constituindo uma das mais expressivas
comemorações ao Dia da Independência do Brasil, a ZYI 20 – Rádio Difusora de
Mossoró iniciará nesse dia suas atividades no BROADCASTING nacional, com a
apresentação de um amplo programa, constante do seguinte:
8h - Ato inaugural com benção de suas instalações e preleção alusiva pelo
reverendo D. João Costa, Bispo da Diocese de Mossoró.
20h - Grande show em que tomarão parte vários elementos de seu cast artístico,
dentre os quais Manoel de Sousa Queiroz, Dalva Stella Freire, Josué de
Oliveira, Dayse de Melo Pinheiro, Maria Neusa Freire, Maria Aparecidade, Maria
Laura da Silva, a jazz e conjunto regional da emissora.
Durante todo o dia estará no ar a ZYI 20, com um programa de estúdio
patrocinado por várias firmas do nosso comércio.
Assim, em 7 de setembro de 1950, seria inaugurada a Rádio Difusora de Mossoró,
marca pioneira na cidade chancelada por seus fundadores, sendo eles PAULO
GUTEMBERG, MILTON NOGUEIRA DO MONTE e JOSÉ RENATO COSTA.
Sobre o show de inauguração, especificamente, o professor da Universidade do
Estado do Rio Grande do Norte (UERN) e presidente do Instituto Cultural do
Oeste Potiguar (ICOP), Wilson Bezerra de Moura, escreveu em 25 de agosto de
1998, em sua coluna Reminiscências, o seguinte:
“Ainda sobre a inauguração da Rádio Difusora de Mossoró, ocorrida em 7 de
setembro de 1950, em meio à grande festa, terminando com um show às 20h, com
artistas da terra, cujos nomes já mencionamos em artigo anterior.
Retornamos ao assunto, porquanto algumas dessas figuras envolvidas nesse ato
solene merecem ser lembradas porque fizeram parte de uma história que passou e
que muito dignificou a cidade, por suas participações na vida empresarial,
política e social.
Perante um público bastante seleto, as bênçãos do transmissor localizado no
alongamento da Avenida Cunha da Mota, bairro Pereiros, o bispo de Mossoró, dom
João Batista Portocarrero Costa, proferiu o ato cerimonial. Estiveram presentes
os deputados Vicente da Mota Neto e Mário Negócio, o primeiro da representação
federal e o segundo estadual, com acentuada atuação no Estado e,
principalmente, em Mossoró, além do vereador Jerônimo Vingt Rosado Maia; juiz
da comarca de Mossoró, dr. Zacarias Gurgel da Cunha; médico João Marcelino de
Oliveira; banqueiro Sebastião Fernandes Gurgel, que dominou o comércio
creditício da cidade de Mossoró, com sua Casa Bancária S. Gurgel, sucedendo-o
nessa atividade o seu filho Raimundo Gurgel, conhecido por todos como Bibio
Gurgel.
Ainda presente o industrial Raimundo Juvino de Oliveira, professor Vingt-un
Rosado, presidente da Rádio Difusora de Mossoró e representante do prefeito na
solenidade, e Lauro da Escóssia, diretor do jornal O Mossoroense, foi destaque
no momento. Registrou-se na ocasião as presenças dos empresários Renato de
Araújo Costa e Pedro Fernandes Ribeiro, além do dr. Paulo Gutemberg de Noronha
Costa, superintendente da emissora. O dr. Paulo Gutemberg foi uma figura
notável no mundo intelectual, com a participação nas atividades culturais da
cidade. Um grande jornalista, um bom advogado, um homem de letras era o Paulo
Gutemberg.
Foi orador oficial o professor Vingt-un Rosado, que naquela época já era
considerado um batalhador da cultura mossoroense. Em sua oratória ele assim se
expressou de início: “O governador da cidade confiou ao diretor-presidente da
Rádio Difusora de Mossoró S/A a incumbência honrosa de representa-lo nas
festividades desta hora.
Mais adiante fez referência a determinadas figuras notáveis com a seguinte
expressão: “Haveremos de precisar as forças que se compuseram para os limites
da crônica simples de uma sociedade, para a história maior do município. Entre
esses nomes Jorge de Albuquerque Pinto, Bruno Nogueira, Genildo Miranda, José
Monte, Luiz Gonzaga, Garibaldi Noronha, Tiburtino Costa, Orlando Cosme e
Francisco Nunes, estes confirmaram a tradição explêndida do espírito da
iniciativa mossoroense.
Dentre tantas, foram estas as palavras do professor Vingt-un Rosado,
completando a sua alusão a nomes, referiu-se à comissão responsável pelo levantamento
do capital de quatrocentos mil cruzeiros para formação da sociedade, cuja
comissão era composta de Jorge Pinto, Dix-huit Rosado, Bruno Nogueira, e José
Monte, disse afinal de contas que a responsabilidade recaiu decerto na
diretoria da sociedade, nas pessoas dos senhores Pedro Fernandes Ribeiro,
Reginaldo Paiva, João Rebouças e Enéas da Silva Negreiros.
Então, há 46 anos passados, registrou-se esse acontecimento que teve compensado
o esforço com a atuação da ZYI 20 até nossos dias (...).
Rádio Informativo e Educativa
Nos seus primórdios, a Rádio Difusora ficou notabilizada pelo esforço hercúleo
do entretenimento. Apoio ao segmento artístico-cultural fazia parte de sua
conduta, tendo como forte alicerce as cabeças-pensantes de seus
criadores-fundadores.
Foi a convite da Rádio Difusora que grandes nomes do cenário musical por aqui
aportaram, tais como Luis Gonzaga....
Em momento de nostalgia, escrevia a colunista social Ivonete de Paula, a 8 de
setembro de 2000, em seu espaço no jornal Gazeta do Oeste. Eis o texto na
integra, que tinha como título “Difusora 5.0”:
O país de Mossoró teve, e terá sempre, uma plêiade de homens empreendedores que
se antecipam ao seu tempo. Desses, nasceu, há 50 anos, a Rádio Difusora de
Mossoró. Na época, com equipamentos de ponta, num espaço físico em nível de
rádios de grandes centros nacionais. E com um cast de talento que marcou a
história da radiofonia estadual.
Revendo, ontem, na Difusora, encontramos a união de cabeças culturais: Paulo
Gutemberg, Genildo Miranda e Renato Costa, afora tarefas administrativas, ia
buscar lá fora (Rio, São Paulo), permanentemente, o modelo de rádio informativa
e educativa. E produzia e apresentava Página de Diário. Abordando temas
nacionais de interesse local, Genildo Miranda: uma voz privilegiada, produzia e
apresentava Notícias da Cidade. E o Vesperal das Moças, auditório do Cine
Caiçara lotado. Renato Costa, o dono da chave do cofre, investia pesado na
aquisição de modernidades para a Difusora.
Entre programas de audiência absoluta na Difusora, esquecer, jamais,
Rádio-novela. Entrego a quilometragem. Um dia, parada com um grupo na calçada
do Caiçara, Genildo Miranda passou, olhou e convidou a todos nós a um teste
para compor o elenco da Rádio-novela. A colunista foi aprovada e ficou um ano Condessa
de Castel Frank', da novela Um Grito ao Longe'. Todo elenco batia nacionais:
José Maria Madrid, Ely Mendes, Rita Mangabeira e eu. E outros.
Depois: outros grupos assumiram a pioneira. Novos ventos. A vida não parou. A
Difusora quase deixa de ser a estrela da radiofonia local: política,
concorrência e a febre televisiva em branco e preto dos anos 70. Mas a
trajetória da Rádio Difusora, apesar de alguns percalços, é bonita. Orgulha
Mossoró ansiosa de ser grande.
Depois de Leonora, de Castel Frank, retorna à Difusora Ivonete de Paula. Com
Encontro. Crônica social. Foi forte. Ainda hoje, pais e filhos pedem o retorno
de Ivonete de Paula ao Rádio, com assiduidade. A voz. Imagine não tivesse o
desamor de ficar olhando a fumaça no ar se perder. Foi Deus quem deu voz ao
vento.
Retornando à viagem de começo, a colunista pede licença ao céus para um amém a
Paulo Gutemberg de Noronha Costa (até o nome é chic ),a Genildo Miranda e a
Renato Costa. Eles estão no bronze de minha memória. E voltoà terra com o
aplauso aos talentos Difusora Anos 70: J. Barbosa, J. Belmont, Givanildo Silva
(até hoje gogó de ouro e inteligência muita), Paulo Bertrand, Coronel Pereira,
Edmundo Torres, Edmilson Lucena, Assis Cabral, Antônio Martins, Patrício de
Oliveira. Esse jingle foi da cabecinha do patrãozinho, (com carinho) Ângelo
Augusto Fernandes. E desta mesma safra de massa efervescente, o mano em Cristo,
Nilo Santos.
Todos nós, hoje, somos uma amizade indispensável uns aos outros. Para o bom
funcionamento da memória e integridade do próprio eu de cada um de nós.
Difusora. É isso. Te cuida, Mossoró de hoje. O passado foi forte, porque de
homens valentes